Outros poemas em mim que não entendo
(A criação não é uma compreensão, é um novo mistério — Clarice, a bruxa)
O pai e eu
Caminhávamos.
(Uma semana antes, no dia dos pais, enterráramos a companheira dele. Infarto fulminante, não sofreu. Sofríamos nós. Menos mal: os vivos sofrem sempre; ao menos os que morrem, então, não sejam obrigados a mais que esse extremo: cessar. E nós?)
E nós?:
Caminhávamos.
poemas em mim que não entendo
Sempre tive um forte apego por compreender. O que em literatura, e talvez especialmente em poesia, é um obstáculo a ser vencido.
A cena grávida
Publicado em 08/2020 – (créditos da imagem: Cena de Bar, 1938 — Milton Dacosta)
poemas-ponte (do isolamento pra fora)
Depois de algumas prosas pandêmicas e pequenas pulsações poéticas, quero erguer pontes, precariamente e a medo, entre esta alguma coisa em mim que não entendo — ainda mais aqui dentro, em tantos sentidos, durante este isolamento — e (vocês) lá fora:
Carta-ensaio sobre as entrelinhas
(para Rodrigo Oliveira, a respeito de Carcaça, de Josoaldo Lima Rego):
Oi, irmãozinho.
Como tá-tu?
pequenas pulsações poéticas
o poema (ainda) pulsa. por baixo, por dentro, por trás, por sobre, por nós, por vós, por elas, por tudo. e é preciso que pulse, e que possamos pulsá-lo(s) na plenitude de suas potências.
Contos Quarentenários (ou Prosas Pandêmicas)
Baratas (ou Prenúncios da Peste): No duodécimo dia, vieram as baratas.
Alguma coisa em mim que eu não entendo
eu não sei como começar. nem como seguir.
mas sigo.
(e você, como faz?)