O pai e eu

Caminhávamos.

(Uma semana antes, no dia dos pais, enterráramos a companheira dele. Infarto fulminante, não sofreu. Sofríamos nós. Menos mal: os vivos sofrem sempre; ao menos os que morrem, então, não sejam obrigados a mais que esse extremo: cessar. E nós?)

E nós?:

Caminhávamos.

poemas em mim que não entendo

imagem abstrata do teste de rorscharch em azul e verde

Sempre tive um forte apego por compreender. O que em literatura, e talvez especialmente em poesia, é um obstáculo a ser vencido.

A cena grávida

Publicado em 08/2020 – (créditos da imagem: Cena de Bar, 1938 — Milton Dacosta)

poemas-ponte (do isolamento pra fora)

Depois de algumas prosas pandêmicas e pequenas pulsações poéticas, quero erguer pontes, precariamente e a medo, entre esta alguma coisa em mim que não entendo — ainda mais aqui dentro, em tantos sentidos, durante este isolamento — e (vocês) lá fora:

pequenas pulsações poéticas

o poema (ainda) pulsa. por baixo, por dentro, por trás, por sobre, por nós, por vós, por elas, por tudo. e é preciso que pulse, e que possamos pulsá-lo(s) na plenitude de suas potências.