Nunca estivemos no Kansas / poemas para onde nunca estivemos

No verão em que lancei meu livro de contos, “Nunca estivemos no Kansas”, a prosa-título e alguns poemas-diálogo, tudo junto e misturado
Katrina

Depois das oficinas de poesia, um conto oficineiro (para Anita Deak)
maestrina & retrato de moça no vagão

duas prosas curtas, pequenos esboços de mulheres
caraminholas sobre Torto Arado

um ensaio crítico-viajandão sobre o romance de Itamar Vieira Jr. e suas possibilidades
a palavra

Escrevo, escavo, invento. A palavra: áspero diamante. Quem há de adestrar suas lâminas?
des-modos (ensaio crítico)

uma leitura de Íntimo Desabrigo, livro de poemas de Tarso de Melo
Marcos & Henrique

Marcos & Henrique Conheciam-se profundamente, embora ainda tivessem idades em que não se conhece bem nem a si próprio, que dirá outra pessoa: Marcos, vinte e nove recém completados, no auge do que Henrique, vinte e quatro (rá!), dizia ser “a melhor fase do homem: quando o vigor ainda pulsa e ganha experiência.” Eram “eles” […]
duas noites e um talvez

sobre como amor e incompreensão podem ser parecidos…
A eternidade e seu epílogo

Fazia um frio sutil na sala de espetáculos. Um frio que, entre os espaços da música, era como um retinir metálico, um badalar de sinos, só que esférico. A plateia, imersa em breu e silêncio, era toda olhos e ouvidos atentos e pele arrepiada ao toque daquele frio esférico a preencher os hiatos da melodia feito uma contravoz distante, em tom menor. E então.
Mundinho

Mundinho enamorou-se da selva. Apesar dos avisos, dos interditos, das tentativas do Zé Caboclo. Zé, pescador cheio de brios, não queria o filho no rio, nem nos lagos, nas beias, nem dentro da mata. Mundinho era pra contrariar o apelido: ganhar o mundão. Apanhava de cipó pra ir à escola, não era pra ficar de pavulagem com os moleques, pelas ruas de tijolos, nos barrancos do Envira. A mãe obedecia ao marido, ralhando pra ele tomar jeito, estudar, estudar, não fosse virar homem sem ler nem escrever feito ela e o Zé.