
Nunca estivemos no Kansas / poemas para onde nunca estivemos
No verão em que lancei meu livro de contos, “Nunca estivemos no Kansas”, a prosa-título e alguns poemas-diálogo, tudo junto e misturado
No verão em que lancei meu livro de contos, “Nunca estivemos no Kansas”, a prosa-título e alguns poemas-diálogo, tudo junto e misturado
poemas de tempos, a(o) tempo, sob(re) temporais e tanto mais, pois é sempre tempo
uma leitura de Íntimo Desabrigo, livro de poemas de Tarso de Melo
poemas-exercício tecidos com carinho e entusiasmo nas oficinas do Rafael Zacca e do Fábio Pessanha
Recentemente a Revista Aboio convidou 100 artistas contemporâneos para compartilharem trabalhos inéditos na sua nova edição impressa. O resultado é um carnaval literário de prosa e poesia, incluindo este poema surgido à beira-mar.
Doir poemas inéditos e dois retirados dos livros “agora (depois)” e “Itinerários”, publicados na Revista Aboio com editoria de Leopoldo Cavalcante.
Poemas inéditos publicados com editoria de Marco Lucchesi, na Revista Brasileira, publicação trimestral da Academia Brasileira de Letras.
Dois poemas inéditos publicados com editoria de Amanda Vital, Nuno Rau e Rafael Tahan.
Publicados com editoria de Divanize Carbonieri na revista Ruído Manifesto.
poemas do livro (DES)NU(DO), publicados com editoria de Rodrigo Novaes de Almeida na Revista Gueto
Daí a brisa forte e sadia que vem deste novo livro de Thássio Ferreira, muito felizmente chamado lagarta chã. Algo que responde ao mundo, mas anseia o que não se contenta na resposta – antes convoca, aponta, desdobra.
O que temos aqui é, como nunca deixará de ser necessário, um encantamento múltiplo com o ponto mais chão, a coisa mais chã: das turbinas às lagartas, dos mucos às galáxias, passando pelas casas, as plantas, os poetas, os corpos, as parafernálias que fazem uma vida, muitas vidas.
(Guilherme Gontijo Flores)
Vinte e dois contos que transitam por diversos cenários, relações humanas e estruturas narrativas, construindo uma cartografia de arestas e descaminhos, desde um idílio qualquer onde nunca estivemos — individual e coletivamente — até o presente e além.
Parte dos contos reunidos angariou prêmios como Off-Flip (2019) e Prêmio Cidade de Manaus (2020), foi finalista do Prêmio Sesc (2017) e publicada em veículos como Jornal Rascunho, Revista Garupa e Vício Velho.
Em seu terceiro livro, Thássio Ferreira desnovela a linha do tempo de uma história de amor, de trás para frente, em 52 poemas organizados em duas partes: um “agora (depois)” instalado com a separação; e o “agora” anterior, do início do relacionamento até sua crise. Dividindo esses dois tempos, um retrato em prosa do momento fatal em que o barco se desamarra do cais.
Itinerários, de Thássio Ferreira, vencedor do I Concurso Literário Editora UFPR, em sua linguagem agradável, técnica refinada no uso de rimas internas e externas, ritmos cadenciados, ecos verbais e temáticos, bem como suas aliterações e assonâncias sutis, promovem uma poesia impactante que envolve e encanta.
Sempre tive um forte apego por compreender. O que em literatura, e talvez especialmente em poesia, é um obstáculo a ser vencido.
Como daquela vez em que eu passava pela rua, ouvi: Cobertor… e virei-me: um homem, em situação de rua, como se diz. Mas segui meu rumo, apesar da toalha e do lençol fino na mochila, voltando de viagem, e doeu, e dói hoje feito uma lama suja sobre a pele queimando ao sol, arrancando alguns micropedaços de mim enquanto racha e se esfarela, porque talvez por medo, preguiça, a insensibilidade que vai se entranhando infecciosamente, ou talvez algum outro não que deveria ter sido um sim, eu segui, sem olhar pra trás nem uma segunda vez aquele homem que certamente doía mais que eu.
Caminhávamos.
(Uma semana antes, no dia dos pais, enterráramos a companheira dele. Infarto fulminante, não sofreu. Sofríamos nós. Menos mal: os vivos sofrem sempre; ao menos os que morrem, então, não sejam obrigados a mais que esse extremo: cessar. E nós?)
E nós?:
Caminhávamos.
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